
NAU
Pelo lado erróneo da noite navego,
nas ondas e palavras que me marcas,
iludo-me por este sonho só meu,
sem receio do naufrágio em silêncios.
Tímido e quieto,
no canto isolado da nau permaneço,
o leme abandonado perturba a ira dos ventos,
as velas cruas, que são os meus braços,
procuram as tuas mãos.
Não é grave,
Nada é assumidamente dramático,
Por tendência ou suposição,
O sonho é tão meu,
como a humilhação.
L.Cruz
PERNOITAS EM MIM
pernoitas em mim
e se por acaso te toco a memória...amas
ou finges morrer
pressinto o aroma luminoso dos fogos
escuto o rumor da terra molhada
e fala queimada das estrelas
é noite ainda
o corpo ausente instala-se vagarosamente
envelheço com a nómada solidão das aves
já não possuo a brancura oculta das palavras
e nenhum lume irrompe para beberes
Al Berto